O trabalho manual está inserido na sociedade desde o período neolítico (6.000 a .C.), momento em que o homem começou a polir a pedra e a fazer a cerâmica como
objeto para armazenar os alimentos. Porém hoje, com a modernidade, o artesanato
é realizado em materiais como porcelana, quadros, caixas de madeiras e móveis,
além de diversas técnicas.
Segundo a professora de artesanato,
artesã e administradora da pagina “Dona
Gica Atelier”, no facebook, Denise Bittar Ragusa, o artesanato é uma
forma de relaxamento e é fácil e rápido de ensinar. “Eu
tive muita aluna que nunca tinha pintado nada, nunca tinha pego um pincel e
chegava na loja e conseguia pintar. As pessoas descobriam que tinham esse dom
porque era muito fácil, gostoso e simples. Na minha opinião pintar é a maior
terapia que tem. ”
De acordo com ela, o importante
sempre foi transmitir as suas alunas às técnicas usadas e não fazer por elas. A
criatividade das pessoas durante o processo de pintura é o que importa “Uma
professora tem que passar todo o conhecimento dela pra aluna, tem muitas coisas
que são pequenos detalhes que facilitam a vida das pessoas para determinada
técnica. Muitas professoras preferem colocar a mão na peça da aluna e ela fazer
do que ela ensinar para a aluna, porque ela quer que aquela aluna esteja
eternamente tendo aula com ela. Quando você da aula você lida com dois perfis :
uma vem para aprender uma determinada técnica e começa a fazer em casa porque
ela quer fazer um dinheiro para ajudar no dia a dia dela e outra que faz por terapia, é a aluna que
vai eternamente e não esta nem ai em quantas peças ela produz. Acho muito
importante você capacitar a aluna para ela conseguir fazer sozinha.”
Para as pessoas que buscam aprender a pintar a dica
é começar com as peças em madeira, pois se algo der errado durante a pintura
tem como refazer, diferente do quadro e da porcelana. “Eu gosto muito da pintura
em madeira porque você usa tudo a base de água e porque se você não gostar ou
se você errar alguma coisa, você tem como refazer e começar do zero tudo de
novo. Você nunca perde uma peça, você pode lixar ou de repente pegar uma
buchinha e raspar aquilo, tirar e começar de novo o fundo, então é uma coisa
que te dá muita liberdade pra criar e não dá medo de você errar e depois perder
a peça ou ter muito trabalho para poder consertar.”, explica Denise.
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Enfeite em madeira/ feito por Denise Bittar Ragusa |
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Quadro de patina provençal com carimbos e pérolas/ feito por Denise Bittar Ragusa |
Vale ressaltar que os artesanatos também seguem as tendências de moda e as misturas de técnicas e aplicações sobre as peças estão em alta. O que mais tem se destacado são as pinturas decorativas, não só em madeira como em qualquer tipo de material até em latão, e as estilo country americano com um estilo mais rústico. A professora mostra a diferença entre as técnicas “A pintura decorativa usa cores mais vivas, mais alegres. O sombreado pode ser com o mesmo tom ou um pouco mais escuro. O sombreado mais estilo country americano usa muito marrom para sombrear e usa cores mais sérias.”, e acrescenta, “Os dois estilos são bem fortes. Atualmente o trabalho que esta muito em alta é o azulejo português. É uma patina tipo provençal e em cima dessa patina você trabalha com carimbo ou estêncil e usa o tom de branco e azul Royal ou cobalto e faz imitando o azulejo português, faz o sombreado, quando for usada outra cor é chamado ladrilho hidráulico. Isso hoje é uma coisa que esta muito em moda.A pintura em madeira também permite ousar mais, hoje se mistura vários materiais.Você usa estêncil, carimbo, material de patchwork , muita massa acrílica. Você pode usar o estêncil com a massa criando um desenho em relevo em alguma parte da peça. No material de scrapbook você usa chipboard (são peças normalmente cortadas a laser com aspecto de um papelão só que mais duro, são algumas figuras decorativas que você vai fazer um aplique em cima da peça). Tem também as peças em MDF que são cortadas a laser.”
Hoje, com a tecnologia, você encontra diversidade de
tintas e outros produtos que podem inovar as peças, basta a criatividade.
Atualmente se encontra a pátina ou pátina provençal em moveis de quartos, sala,
cozinha e não apenas em caixas de madeira “Você entra hoje em loja de decoração
e vê pintura decorativa, pátina provençal, pátina em muitos objetos. Os
materiais são infindáveis. A gente usa muitas técnicas, usamos a pátina que é o
uso de qualquer cor sobre qualquer cor e normalmente o processo é dar uma cor
de fundo e pintar até essa cor fechar. Depois disso você passa vela ou cera e
aplica uma nova cor, quando estiver bem seca você vai lixar até dar o efeito
desejado e pode arranhar com alguns materiais, judiar mais da peça para aparecer
mais a cor de baixo, aí vai do gosto. A pátina provençal, nada mais é do que o
branco sobre o marrom. Uma coisa muito importante na pátina é que depois que
passar a vela ou a cera, não pode acelerar o processo de secagem da tinta, tem
que deixar a tinta secar ao ar livre pra você ir reaplicando a tinta em cima
até que feche totalmente a cor. Tem várias texturas, uma massa acrílica, massa
corrida de parede você pode criar mil texturas em qualquer peças”, complementa
a artesã.
As escolhas das tintas e vernizes devem ser levadas
em conta, pois algumas têm cheiros fortes, que causam reação principalmente se
a pessoa for alérgica, por isso é sempre bom ter a indicação de um especialista
que explique e atente para estes detalhes. “Fiz aula de porcelana, já fiz mil
coisas, mas a porcelana você trabalha com tintas com cheiro muito forte, com
vários materiais. O ouro, por exemplo, a gente usava para fazer uns canetados
na porcelana, ele não tinha muito cheiro, só que eu passava dois, três dias
muito mal do estômago porque o ouro provoca isso daí e uma dor de cabeça
horrorosa, faz muito mal. Usava muito óleo de copaíba, um monte de coisa assim
com um cheiro muito forte. E a madeira não, é tudo a base de água. Hoje em dia
tem algumas coisas que tem um cheiro um pouco mais forte que seria o verniz
vitral que é pra dar uma idéia mais de vidro, tem o vidro líquido que o pessoal
usa bastante que nada mais é do que uma resina que você mistura dois elementos
e você pode colocar no fundo de uma bandeja que dá uma impressão de um vidro
mesmo. Mas, quanto a tinta e o verniz normal que todo mundo usa nada disso tem
cheiro. Você pode usar tanto a tinta acrílica como a tinta PVA.”
Já com relação à decoupage deve ter cuidado para que
a peça não leve um ar de artificial, para que ela transmita a realidade dos
desenhos e carimbos inseridos na composição é necessário usar sombras e lixar
bem para ao final da pintura ter um ótimo resultado, e é claro, saber usar as
técnicas sem extravasar “A decoupage não é somente o fato de você recortar e
cola, isso qualquer criança faz. A partir do momento que você recorta uma coisa
para colar em uma peça você tem que integrar esse recorte à peça. Depois que
você colou tem que fazer um sombreado a figura tem que agregar a peça. O
sombreado é um pouco trabalhoso, tem gente que morre de medo de fazer, mas
depois que pega o jeito se torna muito fácil. Ele valoriza demais qualquer
peça. Só recortar e colar desqualifica o artesanato, empobrece. O importante é
você enriquecer a peça. Não sou contra a decoupage, mas em cima dela você pode
aderir outras técnicas também e valorizar a peça.”
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Denise Bittar Ragusa |
Quem tiver interesse em saber mais sobre artesanato
em geral entre em contato com a professora Denise Bittar Ragusa através da
página Dona Gica Atelier (clique aqui).
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