quinta-feira, 24 de julho de 2014

Setembro Verde : doações e transplantes de órgãos

 Atualmente o Brasil é o segundo país no mundo em numero de transplante só perdendo para os Estados Unidos. De acordo com o médico Dr. José de Lima Oliveira Junior cuja sua especialidade é coração de transplante, com relação aos norte- americanos, estão quase se igualando “eles fazem cerca de 25mil transplante de órgãos sólidos ano e nós fizemos ano passado mais de 23.500, uma diferença muito pequena.”

 Apesar de possuirmos o maior programa publico d, o numero e transplante, temos que nos conscientizar que ainda precisamos  aperfeiçoar “ Com uma particularidade, o Brasil tem um sistema público de saúde gratuito a população, lá [ nos Estados Unidos] os transplantes não são feitos pelo governo, aqui  95% dos transplantes de órgãos do Brasil são realizados pelo SUS, portanto sem custos a população. Temos muita coisa a melhorar ao que se refere a transplantes no Brasil, porque nós temos uma fila de espera muito longa para quase todos os órgãos.”

 Geralmente quanto mais tempo demora pra que a pessoa receba um órgão compatível maior a chance que ela tem de morrer, por isso é necessário a conscientização da importância dos familiares de pessoas que sofreram morte cerebral doar os órgãos. De acordo com o Dr. Lima, como gosta de ser chamado o cardiologista, a mortalidade na fila de transplante de coração passa de 50%, ou seja, muitas pessoas morrem antes do órgão chegar e o aproveitamento do potencial doador , por acidente com arma de fogo,atropelamento, acidente de automóvel ou motociclistico, é de 30%.

 Os países como Espanha e Estados Unidos aproveitam mais de 70% dos potenciais doadores, portanto existe um espaço muito grande para aumentar o número de transplantes no Brasil, de modo que não é justo que tenha de um lado pessoas morrendo na fila aguardando por um órgão que não vai chegar a tempo para salvar a vida dela quando se esta jogando órgãos no lixo, o que é nossa atual realidade. A solução para isso seria aumentar esse aproveitamento, com isso cresce o numero de transplantes, reduz o tempo médio de espera na fila e a mortalidade, dá uma chance maior para o numero de pessoas a cada ano. E em busca de uma resposta para reverter este cenário é que foi criado o programa “Setembro Verde” que visa criar um meio de subsistência para essas pessoas que estão na fila como também os transplantados que tem alguma restrição que o impeça de trabalhar.

 “Verde é a cor internacional da doação de órgãos e setembro é o mês onde nos temos a semana do doador de órgãos, então juntamos as duas coisas. Nós criamos e registramos o projeto de setembro verde. O projeto foi criado para dedicar o mês todo para a causa da doação de órgãos, criando campanhas perenes de interação e informação sobre a importância da doação para desfazer todos os mitos , os medos, duvidas sobre a doação que são muito comuns.Também a criação de isenção fiscal para as empresas que colaborarem com instituições ligadas a pesquisas de doações de órgãos e transplantes, criação do selo da empresa amiga da doação de órgãos , criação de isenção fiscais para os que estão em filas ou os transplantados para a compra de imóveis, automóveis para a locomoção, com isso a gente quer aumentar toda essa estrutura para maior aproveitamento do potencial doador e quem está na fila, os transplantados e seus familiares. 70% dos transplantes do Brasil são feitos aqui no estado de São Paulo, então nos temos muitas pessoas que vem de outros estados ou de cidades do interior  pra cidade de São Paulo para fazer o transplante. ”, explica.

 As filas para o transplante são únicas e coordenada e não pode ser quebradas. Quando se trata de saúde não há aquele “jeitinho brasileiro”, assim sendo impossível alterar a ordem na fila para privilegiar alguém, pois ela é controlada pelo Ministério Público “No Brasil nós temos um sistema misto de saúde, o sistema único de saúde que é universal e gratuito, é o único país no mundo com mais de cem milhões de habitantes que tem este tipo de sistema. A fila no Brasil é única, então é coordenada regionalmente em função do tempo de tolerância que o órgão pode ficar fora do corpo, é temporal, não há quebra da fila, não há influencia para que se pule o lugar na fila , funciona muito bem e é controlado pelo ministério publico e não importa aonde o paciente vai fazer o transplante, se é no hospital publico ou privado a fila é uma só.O paciente só vai receber o órgão quando chegar a vez dele na fila”, esclarece.

 A indicação do transplante é realizada em caso extremo de doença terminal , quando não existe nenhuma alternativa de tratamento com medicamentos ou cirurgias  “É o final de tratamento de quase todas as doenças crônicas de órgãos sólidos. Quando não tem nenhum tratamento para ser aplicado é que o paciente vai para a fila de transplante. A pessoa entra nessa fila quando é constatado casos de disfunção cardíaca muito grave, o inviabilizando andar e necessita parar de trabalhar”, conta.

 Vale ressaltar que o paciente que tem insuficiência cardíaca terminal, e tem seu nome na lista de transplante, e se for preciso ser internado para receber medicamentos para continuar sobrevivendo ou precisou ser submetido a um implante de um coração artificial, ele sobe na fila, tendo prioridade, assim subindo para as primeiras posições, porque ele tem risco eminente de morte.

 É contra indicado o transplante em pessoas que esteja com uma doença avançada, pois o paciente não agüenta este tipo de procedimento, lembrando que o implante de coração demora cerca de seis horas.“De uma forma geral a gente precisa que o doador seja mantido de forma adequada, esteja estável, tenha sido bem cuidado durante as 36h até 48h que você tem a instalação de todas as complicações da morte cerebral. Morte cerebral é irreversível, já o coma não. Por isso, o potencial doador tem que ter o diagnostico firmado em morte cerebral.  Todo mundo pode ser doador desde que seja mantido de forma adequada. Todo paciente com morte cerebral é potencial doador desde que ele não tenha nenhuma doença oncologica, doença infecciosa ativa como HIV positivo ou doença infecciosa no sistema nervoso central como a miningite.”,  aponta.

 Por fim, o especialista em transplante de coração deixa um recado para que as pessoas tenham consciência de quão importante é a doação de órgãos e do significado para as pessoas que os recebem “É fundamental que todas as pessoas tenham em mente a importância da doação de órgãos, do quanto isso pode representar pra família que recebe um órgão que é doado. O sistema de doação no Brasil funciona bem, é seguro. O sistema de transplante funciona bem e não existe quebra da fila e que é fundamental que a gente possa através de um ato deste de solidariedade em um momento difícil, de perda de um ente querido, exercer esse ato de profundo respeito à vida, que é a da doação.”


Dr Jose de Lima Oliveira Junior
Medico Formado na Universdade de São Paulo (USP)

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